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O livro de Cynthia Sarti coloca-nos em contato com a realidade cotidiana e as formas de pensar dos pobres. Anos de pesquisa e convivência com os moradores da periferia paulistana, que interpretam o mundo social através do espelho das relações familiares, permitiram entender a ordem moral que fundamenta nossa sociedade. A sociedade aparece como projeção ampliada das relações mais elementares entre os sexos e as gerações, com códigos de hierarquia e complementariedade. Apesar da seriedade do tema, o livro é de leitura agradável e envolvente. Partindo do registro de pontos de vistas pessoais, remete-nos a algumas questões universais, relativas ao sentido que damos às nossas ações no mundo. Saímos convencidos, ademais, de que o modelo familiar dos pobres predomina ainda na sociedade brasileira, não obstante o avanço da ideologia individualista e pretensamente modernizante. Neste sentido, o livro mostra-nos o Brasil tal como ele é.