1º Colóquio Interinstitucional da Rede de Proteção e Qualidade dos Serviços de Acolhimento de Crianças e Adolescentes

Autor: 
Magda Melão, psicóloga aposentada
Neca

No dia 21 de junho ocorreu o 1º Colóquio Interinstitucional da Rede de Proteção e Qualidade dos Serviços de Acolhimento de Crianças e Adolescentes, no auditório do Ministério Público na cidade de São Paulo, promovido pelo NECA – Associação dos Pesquisadores de Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente.

Estiveram presentes neste evento, autoridades de diversos seguimentos da sociedade como Valéria Gonelli, secretária nacional adjunta de assistência social do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ana Estela Hadad, primeira dama da cidade de São Paulo; Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, juiz de Direito da Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo; Luciana Bérgamo Tchorbadjian, promotora de justiça da Promotoria de Justiça de Interesses Difusos e Coletivos do Ministério Público do Estado de São Paulo; entre outros.

 O ponto alto da manhã foi a fala de Adilson Pereira de Souza, presidente da Associação Iniciativa Cultural Passos da Criança e da Fundação Educacional Meninos e Meninas de rua Profeta Elias de Curitiba, que relata sua experiência como menino de rua até os 16 anos, quando conhece o abrigo Chácara dos Meninos de Quatro Pinheiros, na qual foi o primeiro adolescente a morar nesta unidade de acolhimento, onde foi alfabetizado e hoje é assistente social e pós-graduado. 

O que se destaca na exposição de Adilson é que ele trouxe ao debate um exemplo vivo e positivo, abrindo caminhos de possibilidades aos olhos mais pessimistas e críticos dos profissionais presentes.  Ele deu ênfase a uma metodologia empírica, qualitativa e participativa utilizada no abrigo em questão, como: saber acolher e saber ouvir, acolhendo inclusive os sonhos dos meninos; construir as regras de convivência coletivamente, possibilitando maior participação do abrigado na unidade de acolhimento, fazendo com que o jovem se aproprie da sua vida e seja sujeito de sua história.

Cabe também se destacar o comentário de Maria Clotilde Rossetti Ferreira, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, que destacou duas abordagens da mesa redonda apresentada: uma prática, que expõe vivências participativas, e outra que enfatiza a legislação, a normatização e a fiscalização. E o que se observa é que, no decorrer destes últimos anos, a evolução da questão do abrigamento se deu mais no âmbito da legislação, e pouco se evoluiu na prática. Na realidade, muitas famílias brasileiras não são atendidas em suas necessidades básicas, as mulheres deixam seus lares para trabalhar e não têm creches para seus filhos. A debatedora propõe, então um ensino fundamental de tempo integral, pois, segundo ela, não basta uma política de assistência social. Para ela, não se trata de só pensar na proteção especial, mas sim de dar possibilidades às famílias para que estas não abandonem suas crianças e adolescentes. Terminou dizendo que é preciso lutar por uma sociedade mais humana.


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