7º Seminário Anual de Serviço Social

Autor: 
Ana Carolina Rios

Com o tema “Formação e trabalho profissional do assistente social nos marcos do capitalismo contemporâneo: resistências, conquistas e desafios cotidianos”, o 7º Seminário Anual de Serviço Social, promovido pela Cortez Editora, reuniu cerca de 700 profissionais e estudantes no Tuca no último dia 12.

   

Realizado anualmente para comemorar a semana do assistente social, o evento de 2014 proporcionou momentos de reflexão, debate e homenagens.

A primeira mesa do dia teve como tema “Formação profissional na consolidação do projeto ético-político do Serviço Social brasileiro: fundamentos, resistências e desafios conjunturais”. O primeiro palestrante, o professor José Paulo Netto falou sobre a atual conjuntura político-econômica do país. De acordo com ele, 2014, em termos de conjuntura “será muito animado”. Netto comentou sobre diversos temas atuais: como a mídia se tornou a mais eficiente oposição ao governo, sobre o mensalão e sua manipulação, sobre eleições, copa do mundo e manifestações e sobre a Petrobrás. “A questão não é se a compra de Pasadena foi um bom ou mau negócio, está claro que foi um mau negócio. A questão é que estão montando um palco para a privatização da Petrobras”, expôs. Também fez sua crítica ao governo. “Os governos Lula e Dilma, até o momento, não patrocinaram repressão aos movimentos sociais, mas isto vai acabar. Os movimentos acontecerão e o governo vai reprimi-los duramente”, apontou. “O governo federal tornou-se refém de uma entidade internacional chamada Fifa”, alegou.

A professora Marilda Iamamoto iniciou sua palestra dizendo que os assistentes sociais brasileiros vêm contradizendo a naturalização da ordem do capital nestes tempos de crises, de aridez de projetos futuros, afirmando a radicalidade da construção da história. “Há mais de três décadas vimos nos recusando a nos aprisionar nos fetiches do capital nestes tempos de hegemonia das finaças”. Ela também falou sobre a necessidade de se situar as diretrizes curriculares dentro do quadro histórico recente e sobre a mercantilização das universidades. “A universidade se transformou em um centro de mão de obra para atender às demandas do mercado”, desabafou.

Em seguida, a editora realizou uma bela homenagem a Marilda e Raul de Carvalho pela 40ª edição da obra “Relações sociais e Serviço Social no Brasil”, um dos importantes livros de formação do profissional desta área.

A mesa da tarde teve como tema “Trabalho, questão social e a dimensão política do trabalho do assistente social no cotidiano dos espaços sócio ocupacionais”. A professora Ana Elizabete Mota expôs sobre as diretrizes curriculares, os avanços políticos do Serviço Social e sobre o debate teoria x prática. “Meus alunos questionam porque o curso é pouco prático, para eles tem muita teoria. E eu digo que não é teoria demais, é na verdade, teoria de menos”, alegou.

Já o professor Vicente de Paula Faleiros trouxe em sua fala a questão do capitalismo da devastação. “Estão chamando o capitalismo atual de capitalismo da devastação. Devastar quer dizer deixar nu. Então está se usando aquilo que Mateus diz na bíblia: ‘Aos que têm vamos dar tudo e aos que não têm vamos ainda tirar aquilo que têm”. E transpôs esta ideia ao exemplo brasileiro: “Os 12 milhões de pessoas do Bolsa Família não estão aí porque o governo é bom, mas porque o capitalismo é mau”.

Por fim, a professora Maria Carmelita Yazbek propôs falar sobre inquietações, dilemas e desafios. Para ela, vivemos um tempo difícil sob vários pontos de vista. O campo da política vem sendo modificado e as classes trabalhadoras e seus interessem vêm sendo dele excluídos. “Na política social onde estamos inseridos a luta contra a pobreza tomou o lugar da luta de classe, desconsiderando os fatores estruturais da pobreza, atribuindo a responsabilidade da pobreza aos próprios pobres”, explicou. “Aliás é pior do que isso, separam os indivíduos submetidos a esta condição de seus lugares no sistema produtivo. É como se fossem dois mundos: o mundo dos pobres e o mundo da classe trabalhadora que confronta o capital”, completou.


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