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AASPTJ-SP debate nova organização trabalhista com especialistas

Autor: 
Ana Carolina Rios

Preocupada com os rumos da Reforma Sindical e a nova organização trabalhista no Brasil, a AASPTJ-SP convidou dois especialistas que prestaram importantes esclarecimentos à diretoria e a alguns membros do Conselho de Representantes.

No dia 12, recebemos o professor doutor Arnaldo Mazzei Nogueira, especialista em relações do trabalho e no dia 17 tivemos a presença de Dirceu Travesso, dirigente Central Sindical Popular Conlutas.


Ambos fizeram um breve mapeamento da história do sindicalismo no Brasil, apontando as conquistas, as crises e as transformações pelas quais as lutas sociais e dos trabalhadores passaram até os dias atuais.


Para Arnaldo, a Constituição de 1988 promoveu um avanço enorme para o sindicalismo e os direitos dos trabalhadores, no entanto, os governos que se sucederam têm representado um recuo. O movimento trabalhista tem vivido uma crise que se iniciou nos fins dos anos 80, quando as gestões governistas deixaram de prever a participação dos trabalhadores nas discussões políticas. “A ordem era privatizar e privatizar, principalmente no setor público”, expôs. Este quadro gerou uma grande expectativa para as duas eleições do governo Lula, o que culmina com as novas organizações que estão surgindo no contexto atual.

O professor definiu um diagnóstico do setor público que foi se construindo ao longo destas perspectivas históricas:

- Greves longas
- Morosidade nas negociações
- Ausência de um sistema de negociações
- Governos muito rígidos nas relações de trabalho com raras exceções
- Indicadores mais elevados de greve/jornadas não trabalhadas/número de trabalhadores envolvidos, etc.

“Acompanhei a greve do Judiciário e o que me chamou a atenção foi o número de dias parados: 127. Foram mais de cem dias de paralisação apenas para abrir as negociações”, afirmou.

O professor Arnaldo concluiu mostrando os sinais de que se abrem na atual conjuntura novas possibilidades de avanço do movimento sindical, com algumas possibilidades de conquistas, em virtude até das condições de desenvolvimento econômico do país.

Segundo ele “agora é a hora de vocês se fortalecerem e avançarem, utilizando as formas de organização já existentes e até criando novas, se for o caso”, alegou. “A saída pode estar não no “nisso ou naquilo”, na manutenção da Associação tal qual ela é  ou em um novo sindicato, por exemplo, mas em uma combinação de tudo isso” .


Dirceu, com toda sua experiência na luta sindical, desde as grandes mobilizações dos bancários e da formação da CUT nos anos 1980, analisou a crise em que se encontra o movimento trabalhista. “No fim dos anos 80 tínhamos a impressão de que os movimentos sociais no Brasil eram muito fortes, mas internacionalmente a derrota do trabalhador já estava imposta”, analisou. Para ele, a lógica liberal veio para minar a concepção do serviço público e a própria organização sindical. Por isso, o movimento sindical encontra-se em uma crise profunda, que não é exclusividade do sindicalismo, mas sim uma situação global.


Dirceu fez um breve resumo do papel das centrais sindicais e como foram se colocando no movimento trabalhista ao longo do tempo, especialmente a CUT, a Força Sindical e o Conlutas.


Mostrou que no Conlutas buscam resgatar e fortalecer um sindicalismo que traga  aqueles valores que estavam na gênese do sindicalismo autêntico do início dos anos 1980 e que ficaram soterrados sob o oportunismo, o “possibilismo” e sob a ‘adaptação ideológica’ de muitos trabalhadores e dirigentes que foram também tomados pelos processos de alienação impostos pelo neoliberalismo. Tais valores, segundo Dirceu, estão plantados sobre três pilares:

1) a ação direta- ou a concepção de que a organização sindical deva se dar de forma a permitir que as negociações expressem a correlação de forças existentes e não, como em muitas outras organizações, a esperteza dos dirigentes;


2)a democracia- entendida como participação intensa e fundamental da base;


3)independência com relação ao Estado. 


Ele acredita que o movimento trabalhista atualmente encontra-se no que chamou de “contra-ofensiva ideológica”, que expressa um pensamento nos seguintes moldes: “já que não é possível derrotar este projeto que está imposto pelo neoliberalismo, então vamos fazer o que é possível”, o que levou ao esvaziamento dos sindicatos, com uma base recuada e direções cada vez mais atreladas com o poder. “Hoje quando vemos o que está ocorrendo no mundo árabe, vemos uma volta daquilo que se perdeu nos últimos anos: O movimento social pode mudar as coisas sim”, disse. “É necessário construir um novo projeto”, alegou.


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