Audiência pública sobre a reintegração de posse no Pinheirinho

Coordenado pelos deputados Carlos Giannazi (PSOL) e Adriano Diogo (PT), o evento apresentou relatos ao vivo de moradores que foram tirados de suas casas a força pela Polícia Militar e pela Guarda Civil Metropolitana de São José dos Campos. Foram exibidas fotos e filmagens da ação. Em algumas é possível identificar policiais apontando armas de fogo para a população. Os moradores também denunciaram que algumas pessoas não conseguem localizar seus parentes e que os abrigos para onde foram encaminhados não oferecem condições mínimas de higiene e espaço. Uma moradora afirmou que os moradores não têm acesso às doações que chegam ao local porque estão sendo desviadas pela Guarda Municipal.
Veja depoimento de moradoras do Pinheirinho:
Foi exibido o áudio de uma gravação com o morador de nome Deivid, de 30 anos, que disse ter sido baleado por um guarda-civil municipal no domingo (22), quando teve início o cumprimento da ordem de reintegração de posse por parte dos oficiais de Justiça.
A jornalista Lucia Rodrigues também prestou depoimento denunciando o impedimento da imprensa de acompanhar a ação. De acordo com seu relato, Lucia foi ameaçada por um guarda civil que teria atirado em sua direção. A descrição do guarda feita pela repórter coincide com a descrição de Deivid.
“O que aconteceu lá foi uma barbárie nunca vista antes”, relatou o defensor público Jairo de Souza. Ele esclareceu que a destruição das casas estava proibida por uma decisão judicial estadual, expedida pelo juiz Silvio Pinheiros. Quando chegou ao Pinheirinho, Souza disse ter sido hostilizado pelo policial que comandava a ação: “ele riu e disse que não acataria a ordem por eu não ser oficial de justiça”. O defensor afirmou que quase foi atingido por balas de borracha. “Mas para quem conhece a historia de São José dos Campos, entende perfeitamente o que está ocorrendo. É uma cidade de elite que se vende como perfeita é quer eliminar fisicamente a pobreza”, desabafou.
Giannazi e Diogo estão organizando um dossiê com documentos e relatos dos moradores retirados da área, será enviado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e à Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). "Queremos que o CNJ investigue a juíza Márcia (Loureiro, de São José dos Campos, que decidiu a favor da reintegração de posse do Pinheirinho) e o Tribunal de Justiça de São Paulo. E queremos que a ação seja investigada internacionalmente para que as autoridades responsáveis respondam pelos crimes cometidos lá por ocasião do cumprimento da ordem de reintegração", afirmou Giannazi.
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Muitos objetos ficaram para trás, os moradores não tiveram tempo de retirar todos os seus pertences |
"Não acreditávamos que a reintegração ocorreria, uma vez que havia um acordo firmado entre o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, o senador Eduardo Suplicy, o deputado federal Ivan Valente (PSOL) e o juiz da massa falida, Luiz Beethoven", afirmou o deputado. Ainda lembraram que no dia da reintegração o juiz auxiliar da Presidência do TJ-SP, Rodrigo Capez, irmão do deputado Fernando Capez, do PSDB, partido do governador Geraldo Alckmin, acompanhou pessoalmente a ação da Polícia Militar, representando o presidente do Tribunal, desembargador Ivan Sartori.
Petição pública:
Também nesta semana, a AASPTJ-SP assinou uma petição pública online que solicita a investigação da ação truculenta de reintegração de posse do Pinheirinho pela OEA (Organização dos Estados Americanos). Diversos profissionais renomados como procuradores, delegados, promotores de justiça e juízes assinam o documento, bem como instituições como o Conselho Federal de Psicologia.
A petição objetiva conseguir 50 mil assinaturas e qualquer cidadão pode assiná-la pelo endereço eletrônico: http://www.peticoesonline.com/peticao/manifesto-pela-denuncia-do-caso-pinheirinho-a-comissao-interamericana-de-direitos-humanos/353
Não se omita, assine você também!