Homenagem à assistente social Neide Castanha: Uma vida com sentido

Autor: 
Elisabete Borgianni, presidente

No dia 27 de janeiro perdemos Neide Castanha, assistente social de trajetória exemplar, que fez incontáveis intervenções em benefício de presidiários, crianças e adolescentes, mulheres marginalizadas e tantos outros segmentos desprovidos de voz nessa sociedade tão injusta e desigual.


Eram marcantes em Neide a alegria e a irreverência, mas, sobretudo, ressoava por todos os lados sua obstinação em defesa de direitos humanos, fosse de quem fosse: bastava ser humano.


Nossa amiga era uma daquelas pessoas regida pelo lema “não vim ao mundo para me conformar” e lutava para derrubar os muros de qualquer instituição total, fosse uma prisão, um centro de internação de adolescentes, um sanatório ou qualquer outro que cerceasse a liberdade da alma e da mente.


O cinema era um de seus instrumentos de trabalho preferidos. Através dele ensinava os gritos de libertação e de ousadia para a construção de uma outra sociedade.


Aprendi com Neide os primeiros passos de minha profissão, quando estagiei na Penitenciária Feminina da capital e ali me deparei com um projeto fantástico, que era desenvolvido por ela, a atriz Maria Rita Freire Costa e a Dra. Suraia Daher e tantas colegas queridas como Márcia Paixão, Luiza Carnevale, Lucia Barroco e companhia. Era o Projeto da Arte em Presídios—o Teatro das presidiárias. Depois vieram o Projeto do Regime Semiaberto e tantos outros.


A vida foi nos distanciando apenas fisicamente, mas nossas almas sempre andaram juntas na busca do melhor Serviço Social e da vida digna para os que por nós passaram na lide profissional.


Reencontramo-nos felizes em Brasília—ela a frente do CECRIA, um importante centro de referência para a defesa de direitos de crianças e adolescentes e eu no Conselho Federal de Serviço Social e CONANDA.


Ah! Como foram boas nossas estripulias naquela nova etapa de lutas em nossas vidas!


Neide querida. Minhas saudades serão eternas. Tenho certeza de que seus dois filhos sempre se orgulharão do principal legado que você lhes deixou: uma vida vivida com enorme sentido humano e libertário.


 


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