IV Seminário Anual de Serviço Social

Autor: 
Ana Carolina Rios

No último dia 16 ocorreu o IV Seminário Anual de Serviço Social, organizado pela Cortez Editora e que teve como tema: “Crise do capital, trabalho, lutas de resistência: Assistentes sociais no enfrentamento da superexploração e do desgaste físico e mental”.

O evento contou com a participação de cerca de 600 assistentes sociais e estudantes de todo o País. Diretoras e associados da AASPTJ-SP também participaram do evento.

A primeira mesa de debates tratou do tema “Crise capitalista, superexploração do trabalho e lutas de resistência” e teve as palestras de Ricardo Antunes e José Paulo Netto. Antunes falou sobre o atual contexto de exploração do trabalho pelo capital. Uma das consequências deste quadro é o surgimento de uma nova classe trabalhadora “invisível”, fruto da crescente informalização dos empregos. “Para o capital todos os espaços são geradores de lucro, de exploração da mais valia, precisamos compreender essa nova forma de superexploração e entender os novos movimentos que surgem contra ela”, expôs. José Paulo Netto seguiu semelhante linha de raciocínio, mas voltou sua fala mais para o Serviço Social. Para ele, o mercado de trabalho de Serviço Social consolidou-se nos anos 80 e atualmente é fortemente marcado pelo modelo Taylor-Fordista. “Antigamente a duplicidade de emprego também existia, mas não por necessidade econômica. Hoje, sem o pluriemprego o jovem não sobrevive. Este quadro é mais visível nas ONGs”, alegou.

A segunda mesa de debates abordou o tema “Trabalho e desgaste físico e mental: O assistente social frente ao risco do próprio adoecimento”, com as palestrantes Edith Seligmann Silva e Joyce Pires Ferreira. A médica Edith falou sobre sua história profissional e o convívio com os assistentes sociais durante sua carreira. Em seguida, expôs sobre como o trabalho tem se tornado um dilapidador da saúde física, mental e ética do trabalhador. “O trabalho pode ser tão invasivo que as pessoas perdem a capacidade de pensar criticamente e tornam-se alienadas. A fadiga envenena a existência, dilapida a convivência familiar e em um nível de desgaste ainda maior, dilapida o projeto de vida das pessoas e as esperanças do ser social”, explicou. Joyce, que é assistente social judiciário de Ribeirão Preto e associada da AASPTJ-SP, apresentou dados da pesquisa que realizou para sua monografia de conclusão de curso de especialização, cujo tema foi “O processo de trabalho do assistente social judiciário no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - Prazer, Sofrimento e Dor no Cotidiano Profissional”. A pesquisa constou de um questionário encaminhado aos assistentes sociais do Tribunal de Justiça, que foi respondido por 25 profissionais. Joyce apresentou os principais fatores apontados pelos entrevistados sobre o prazer do trabalho que realizam e as dificuldades e angústias causadas pelas más condições de trabalho, ilustrando com trechos de depoimentos.

Sobre o prazer de ser assistente social judiciário, os profissionais apontaram os fatores:

- autonomia na atuação;

- facilita a articulação em rede;

- ter escolhido bem a sua profissão;

-ampla visão da realidade;

-atuação é bem sucedida e resulta em ganho para a população

Um dos problemas mais sentidos pelos assistentes sociais foi a crescente demanda de processos, que resulta no que Joyce chama de “síndrome da pilha”. “A pilha de processos nunca tem fim. Apesar das 30 horas semanais ter sido um grande ganho para o Serviço Social, o profissional continua cada vez mais levando trabalho para casa”, afirmou.

Faça download da apresentação da Joyce

“O assistente social como trabalhador assalariado – desafios frente às violações de seus direitos” foi o tema da última mesa do dia, com a participação de Rachel Raichelis e Ivanete Boschetti. Rachel falou sobre como as transformações do Capitalismo atingem duramente o trabalho assalariado e, principalmente, o servidor público. “Estas transformações afetam a imagem do servidor público, instalando um clima social desfavorável à ampliação do quadro administrativo no âmbito público”, acredita. Para ela, uma das lutas mais importantes a ser empreendida pelos trabalhadores é pela capacitação continuada. “As instituições cada vez mais exigem qualificação profissional, mas não oferecem capacitação continuada, uma de suas obrigações, acabam exigindo que o profissional invista individualmente em sua capacitação”, alegou. Representando o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), do qual é ex-presidente, Ivanete expôs sobre um dos principais desafios do Serviço Social hoje, a luta pelo cumprimento da Lei 12.317/2010, que institui a jornada semanal de 30 horas para os assistentes sociais. “Não nos conformemos com a resistência dos patrões em não aplicar a lei. Esta é uma vitória de toda uma classe trabalhadora”, clamou. “Não aceitemos em hipótese alguma que essa lei seja uma letra morta e não seja para todos os assistentes sociais do País”, completou. Em seguida, Ivanete apresentou um pequeno filme produzido pelo CFESS com o histórico da lei. Veja aqui o vídeo completo


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