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Mensagem da Presidente

Autor: 
Elisabete Borgianni, presidente

No buffet da História
Rosa Luxemburgo dizia que reforma ou revolução não são como salsichas frias ou quentes que os trabalhadores escolhem no buffet da história. São momentos distintos, porém complementares, de um mesmo processo de resistência e luta quando eles se colocam em marcha por seus direitos.


Dizia ela ainda, que o momento da revolução é simplesmente o eclodir da força do inconformismo ou da revolta que está latente no trabalhador quando ele busca as medidas que possam reformar o seu cotidiano, tão marcado pela exploração e pela indignidade no trato com os frutos de seu trabalho.


E passado o momento da revolução, os trabalhadores organizados precisam retomar o curso da luta pelas reformas; estas agora já colocadas em outro patamar de possibilidades.


Quando passo os olhos por todo o movimento que estamos vivendo e construindo no Judiciário paulista visando sua transformação, esse é o pensamento que resgato do fundo de minha memória, que ficou tão marcada politicamente pelas imprescindíveis lições de Octavio Ianni, em aulas magistrais na PUC-SP na década de 90.


De fato, todo o processo de precarização que o TJ-SP vem sofrendo ao longo de décadas e décadas de ataque neoliberal, fez com que seus trabalhadores tivessem que travar batalhas diárias por seus mais comezinhos direitos. São as lutas travadas individualmente, ou com o apoio de suas associações: peticionando aqui e ali nos gabinetes dos juízes e desembargadores, etc. É o momento, digamos assim, da reforma.


Mas tais expedientes, isoladamente, não são fortes o suficiente para reverter quadros barbarizantes que chegam a levar as pessoas ao limite da doença mental e que vão atingindo um grande contingente de servidores.


É o momento, então, da eclosão da greve. Como se fora o momento de uma explosão revolucionária: que ocorre sem qualquer planejamento, no verter bruto e forte do copo que transbordou de tanta indignação, e pela vontade de juntar a voz individual ao grito coletivo.


 


O ninho do Corvo
Entrar em uma greve é fácil, pois quando as circunstâncias de exploração chegam ao limite, a paralisação geral mostra-se como o único caminho para que o trabalhador possa tentar garantir as condições básicas de vida para não ser aniquilado nas engrenagens do processo produtivo do mundo do capital, seja ele na esfera da produção de bens materiais como geladeiras, carros etc., seja ele na produção de bens imateriais como a justiça, o direito ao julgamento imparcial etc.(campo onde estão os trabalhadores servidores públicos do Judiciário).


Difícil sempre é sair do momento revolucionário da greve, pois o movimento que a deflagra e sustenta por um determinado período de tempo, faz com que muitos dilemas, contradições e problemas de todas as ordens venham à tona, todos ao mesmo tempo e com intensidade por vezes incontrolável.


No caso do movimento que vivenciamos no Judiciário, a baixa adesão à greve funcionou como uma das variáveis que problematizou ou dificultou a chegada a um acordo em tempo mais breve.


Mas, houve outra variável presente o tempo todo e que também nos trouxe enormes desafios: o risco de que grupos espúrios do TJ usassem o movimento dos servidores para seus propósitos e nos empurrassem mais e mais para dentro do ninho do corvo.


Na semana que se encerra chegamos a ficar a centímetros do ninho que iria nos enredar em caminhos quiçá sem volta do enfraquecimento do movimento, dos servidores e de suas lideranças, uma vez que ficou clara a indisposição de parte do TJ em apresentar-nos uma proposta efetiva para que pudéssemos colocar fim a paralisação antes do final de setembro, período em que o orçamento do TJ é apreciado pelo Executivo.


E a rapinagem completava-se com o risco de punição incontornável daqueles que se envolveram na greve.   


O ninho do corvo continha uma armadilha cruel e eficiente: eles conquistariam recursos financeiros ao mesmo tempo em que enfraqueceriam o movimento, impossibilitando resistências futuras.


Mas todos nós tivemos habilidade política e força de espírito para sair, voando por cima, unidos, e com nossos direitos imediatos resgatados.


Retomando a caminhada por novas e antigas reformas
Conquistado o Plano de Cargos e o reconhecimento de nossa data-base e dos valores que nos são devidos de reposição de perdas (vitórias trazidas pela nossa greve), agora é tempo de retomar o trabalho para a conquista de muitos outros de nossos direitos.


Vamos continuar na luta por nossas condições de trabalho, com as ações que já estavam em curso para a adequação de número de profissionais a demanda; com a pesquisa sobre a saúde dos servidores do Judiciário, com a busca de condições de capacitação permanente etc.


Temos ainda a importante conquista das 30 horas dos assistentes sociais (luta encampada pelo conjunto CFESS-CRESS e ABEPSS) para implantar no TJ-SP, bem como a luta para que esse patamar de direitos seja alcançado pelos demais trabalhadores, notadamente pelos psicólogos, que formam com os assistentes sociais as equipes técnicas do Tribunal.


Muito me honra e emociona fazer parte deste coletivo que sabe que é preciso manter a indignação, o otimismo da vontade e a coragem para construir um mundo, onde todos possamos viver melhor.


 


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