Mensagem da presidente
Alguns associados nos passaram mensagens entre ontem e hoje fazendo um balanço desse momento da greve. Anotam preocupações importantes, como o desgaste físico e mental de permanecer tanto tempo em vigília de pressão para que o TJ-SP atenda nossos direitos básicos; o descabido e autoritário desconto em folha, e a intransigente postura de não estudar formas de rearranjos orçamentários para apresentar uma proposta de reposição que possa ser cumprida de imediato, e não figure apenas como promessa sem qualquer certeza de ser cumprida.
Mas, na maioria das mensagens aparece o firme propósito de não recuar enquanto o conjunto dos servidores até hoje mobilizados assim permanecer.
Isso demonstra o amadurecimento ético-político de uma boa parcela dos colegas assistentes sociais e psicólogos do TJ-SP, que tem a clareza da importância histórica dessa mobilização e tudo o que ela está acionando de potencialidades de mudanças nessa instituição.
Porque, de fato não se trata apenas (e esse apenas não é pouco) de lutar pela não corrosão de nossos salários, mas, sobretudo, para que a sociedade e o próprio Poder Judiciário fiquem alertas sobre a fragilização da Justiça no Estado de São Paulo.
Esse é o momento decisivo e privilegiado para reforçarmos ainda mais nossa articulação com as demais entidades e servidores do Judiciário paulista, realizando ações conjuntas que, tenho certeza serão muito exitosas.
A ida a Brasília na próxima terça-feira, numa ação inédita, com vários ônibus dirigindo-se ao CNJ, trará uma importantíssima repercussão no TJ-SP e no governo do Estado.
Mais uma vez faço um apelo a todos aqueles que não puderam aderir a essa decisiva paralisação, que pensem e reflitam sobre quais ações podem desencadear para contribuir com o movimento.
Na Semana dos 100 Dias Sem Justiça, trabalhemos para que tenhamos Um Dia de 100% de Paralisação. Afinal, agosto é o mês em que muitas de nossas angústias poderão se dissipar, pois contaremos outra vez com a Assembleia Legislativa trabalhando e o próprio TJ-SP podendo trabalhar para ampliar sua suplementação orçamentária, se quiser.
A AASPTJ-SP está em um esforço concentrado para viabilizar a ida da caravana a Brasília na terça, bem como para que todos se sintam amparados por sua Associação.
Sigo daqui a pouco para o XIII Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, em Brasília, onde farei uma palestra em uma das Plenárias Simultâneas, a convite das entidades organizadoras, e aproveitarei para, junto com outras diretoras e associados da AASPTJ-SP que estarão lá também, fazermos ampla divulgação do movimento dos servidores do Judiciário paulista, e o papel destacado que colegas assistentes sociais (e psicólogos, obviamente) vêm tendo nesse movimento histórico.
Para terminar, como mensagem de estímulo e respeito a todos (as) os (as) associados (as) transcrevo aqui algo que li nessa madrugada, enquanto estudava para a minha fala no Congresso:
“As forças de manutenção querem preservar o que existe, conservar o que se tem (...). As forças ativas são aquelas que inventam novas formas de vida (...). Ser poderoso é muito diferente de ser potente. Enquanto o sujeito potente é um criador por excelência, o poderoso é aquele que sempre estará aliado às forças de manutenção, fazendo com que tudo permaneça absolutamente como está.
Ser potente significa, então, uma aliança radical com a diferença, com a capacidade de correr riscos, abandonando vínculos estáveis (...).
As forças da invenção buscam a superação de si mesmas, o ultrapassamento de quem se é e do que se tem. Por isso, essas forças criadoras querem a metamorfose, a transformação, o risco de não se submeter a nada e ousar a criação de novas formas de viver.(...)” (Cf. Monique Borba Cerqueira- Pobres, resistência e criação- personagens no encontro da arte com a vida. São Paulo, Cortez Editora, 2010 , pág. 24 e 25)