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Mensagens aos psicólogos e assistentes sociais

Leiam, pensem, discutam!


Mensagem 1


Considerando:


Um Código de Ética procura fomentar a auto-reflexão exigida de cada acerca da sua práxis, de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por ações e suas conseqüências no exercício profissional.


Nos princípios fundamentais – art. VII o psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica,...


II O psicólogo visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade, e opressão.


É dever do Assistente Social denunciar as instituições públicas ou privadas, onde as condições de trabalho não sejam dignas..., denunciar, no exercício da profissão, às entidades de organização da categoria, às autoridades e aos órgãos competentes, casos de violação da Lei e dos Direitos Humanos quanto a: corrupção, maus tratos, torturas, ausência de condições mínimas de sobrevivência, discriminação, preconceito, abuso de autoridade individual e institucional, qualquer forma de agressão ou falta de respeito à integridade física, social e mental do cidadão.


Considerando que um código de ética não tem a missão de normatizar a natureza técnica do trabalho e sim, a de assegurar, dentro de valores relevantes para a sociedade e para práticas desenvolvidas, um padrão de conduta que fortaleça o reconhecimento social de uma categoria.


Considerando a pequena adesão dos profissionais da Psicologia e Serviço Social na greve decidimos convidá-lo(a), a partir desse momento, a refletir diariamente sobre as afirmações acima com o objetivo de confrontar consigo mesmo seus motivos pessoais para aderir ou não ao movimento.


Greve é a cessão voluntária e coletiva de quaisquer atividades, remunerados ou não, em protesto contra determinado ato ou situação.


Nessa greve, em especial, a paralisação não foi para especificamente chegarmos a um acordo sobre nenhuma questão, nem mesmo a que se refere aos baixos salários e/ou condições para o exercício de nosso trabalho. Foi e deverá continuar, mesmo que suspensa temporariamente, para exigir o que é devido!


O resultado do ponto de vista de “mudança” foi sensacional


Dissídio está agora na pauta: corajosos aqueles que resistiram a TODA e QUALQUER AMEAÇA, desde a do TJ e GOVERNO quanto a de colegas, setores, juizes(as), etc.


Sob ameaças, pressões e MEDO, chegamos a esse ponto que é preciso parar para pensar, não para Desistir!!


DESISTIR JAMAIS!


O seu medo (se é que o seu motivo foi medo) é igual ao nosso.


Rompa-o e venha participar do movimento de luta pelos nossos direitos e pelo respeito à população. Você pode participar de diversas maneiras!


Temos que saber que só no coletivo a possibilidade de conquista se amplia: Uma andorinha só, não faz verão.


Inúmeras são as “teses” sobre quem adere e quem não adere. Inúmeros.


Mas, nada ou nenhuma delas anula o fato de que no final das contas trata-se de uma ESCOLHA!


Podemos concluir então que a maioria de nós escolhe pensar apenas em si próprio?


Não há nada de errado ou condenável nessa escolha, desde que você assuma então que pensa como o sistema QUO.


E se pensa como tal sistema, a possibilidade de reproduzí-lo existe. Pense nisso!


Você que é comprometido em gênero, número e grau consegue fazer um bom atendimento e relatá-lo em até 30 dias??


Tem agenda para acompanhar ao menos uma vez ao mês aquele caso que necessita de acompanhamento (semanal)?


Consegue reunir-se com as equipes dos Abrigos e outras equipes da Rede daquela família ao menos quinzenal? Você tem agora 2 anos para tentar todas as possibilidades de trabalho com a família de origem. Você tem essa condição ou vai continuar fazendo de conta?


Você vai abraçar todos os casos que chegam até você? Vai tentar fazer um trabalho de uma rede ou vai “brigar” para que existam redes, para que melhore onde existem?


Você sabe por que a maioria das pessoas que são abusadas se “calam”?


Você sabe que você é pago para ser “a voz” principalmente das crianças e adolescentes que são abusados?


Você consegue atendê-los assim que chega o processo?


Consegue atender todos os envolvidos?


Consegue os encaminhamentos necessários?


Consegue acompanhar o caso?


Consegue acompanhar os casos de adoção?


Você consegue trabalhar também para que as mudanças aconteçam.


Considerando essas e tantas outras questões, nós acreditamos que você virá.


Do contrário “nossa indignação” não é nossa e nem Indignação.


Lembremos David E. Zimermann in “Os Quatro Vínculos” quando escreve:


...Um outro fator perpetuador do poder consiste na formação de uma corte de seguidores e bajuladores em pessoas da geração que a segue os quais demonstram uma aceitação incondicionalmente adoradora da cúpula dirigente, não raramente funcionando de forma esvaziada, subserviente e mimétrica”...


A luta é diária constante e necessária. Ser perseverante é buscar o melhor. De que lado você vai ficar? Você pode mudar sua escolha???


Zélia dos Santos, psicóloga de Jundiaí


Mensagem 2:


O QUE QUEREMOS COM O MOVIMENTO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO PAULISTA:


Primeiramente, O COMPROMISSO ÉTICO, POLÍTICO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL.


q       Porque nos reconhecemos como trabalhadores que, com os demais servidores do Judiciário, sofrem os impactos de uma política que desmonta os direitos da classe trabalhadora, conquistados historicamente.


q       Como profissionais do Serviço Social, conhecemos os problemas enfrentados pelo funcionalismo do Judiciário – demanda de trabalho cada vez mais alta, falta de recursos humanos, péssimas condições de trabalho, salários congelados há 14 anos, dois anos sem reposição salarial, horas extras sem pagamento e sem compensação, desrespeito em nossas necessidades básicas de sobrevivência no horário de trabalho, tendo que dispor de recurso financeiro do nosso próprio salário congelado para comprar a água que necessitamos tomar, o café se quisermos saboreá-lo e, em muitas vezes, o papel higiênico que precisamos usar.


q       Habitamos o Estado mais desenvolvido do país, mas ainda não dispomos das condições necessárias para atendermos a população com a dignidade que ela merece.


q       A luta por melhores condições de vida e de trabalho é uma tarefa coletiva.


q       O Código de Ética dos assistentes sociais deixa claro os princípios que fundamentam o trabalho destes profissionais: reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes (autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais); defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo, do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida; ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras; articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código de Ética e com a luta geral dos trabalhadores; compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional; opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero.


q        Temos nos expressado de forma sensível e crítica no que se refere à exclusão, à violação de direitos, à ética necessária, às contingências enfrentadas pela população com a qual atuamos nos processos que atendemos.


q       Com a mesma criticidade nos vemos trabalhadores e afirmamos: o movimento de greve no Judiciário paulista é justo, legal e legítimo.


Ligia Maria Castelo Branco Fonseca, assistente social de Santos e membro do Conselho de Representantes da AASPTJ-SP


Mensagem 4:


“Desnecessário falar de todas as dificuldades enfrrentadas pelos setores técnicos, que dizem respeito a condições de trabalho, sobregarga, salários insuficientes e outras tantas questões.

Cerca de 75% da Comarca de Mongaguá se encontra em greve, em busca de melhores condições de trabalho e vida.

Não sei qual a posição dos colegas do grupo de estudos, do qual participo, na medida em que encontrei apenas três colegas na Praça, em greve.


O nosso trabalho é extremamente importante, mas se dá num contexto específico, em dadas condições. Nós, assistentes sociais e psicólogos, temos nos expressado de forma sensível e crítica no que se refere à exclusão, à violação de direitos, à ética necessária, às contingências enfrentadas pela população com a qual atuamos nos processos que atendemos, acredito.


Acredito, precisamos pensar com a mesma criticidade, preservando direitos e dignidade quando se trata de nós, profissionais e cidadãos. Estas são razões pelas quais me mantenho no movimento de greve.

Colegas, permitam-me o desabafo. Manter-se no movimento, com as tensões das assembleias locais, regionais, da AASPTJ-SP e estadual é bem desgastante. Mais do que se estivesse trabalhando. Considero-me muito comprometida com o trabalho que faço, com as demandas, com os compromissos assumidos que estão à espera. E esta, é a mais dura e sofrida pressão interna que vivo. O TJ está se comportando muito mal, fazendo com que se estenda uma greve e o prejuízo a todos.”


Ana Lucia dos Santos, assistente social de Mongaguá


Mensagem 5:


Ao ler o Boletim Informativo nº 3 – maio de 2010, quero me expressar sobre a frase “A nossa indignação não tem mais tamanho e a sociedade precisa saber que a Justiça paulista está em frangalhos”, penso que revela a existência de fatores patológicos que podem reproduzir um sistema institucional perverso.


David E. Zimerman in “os Quatro Vínculos”, p. 144 e 145 escreve: (...) na perversão de instituições que esteja sob a égide da “parte psicótica do grupo” reinará um clima de onipotência (que substitui a capacidade de pensar); de onisciência (no lugar de uma capacidade para o aprendizado com as experiências); de prepotência (a qual substitui o contato verdadeiro com as próprias fragilidades, ou seja, trata-se de uma pré-potência); de hipocrisia  ou de cinismo (este último é quando as pulsões sádico-destrutivas ficam dissimuladas e ocultas por uma atitude de uma simpatia sedutora); de certa confusão (obscurece a discriminação, ou seja, a tomada do conhecimento de verdades penosas); e de ambigüidade (não há coerência entre o que se diz, o que se faz e o que de fato é!).


(...) Embora a aparência seja a de uma democracia, uma observação mais detida comprova o quanto a perpetuação no comando ideológico e administrativo da instituição mantém-se por meio de recurso de constante rodízio de um mesmo círculo restrito de pessoas que alternam entre si os cargos diretivos. Um outro fator perpetuador do poder consiste na formação de uma corte de seguidores e bajuladores em pessoas da geração que a segue, os quais demonstram uma aceitação incondicionalmente adoradora da cúpula dirigente, não raramente funcionando de forma esvaziada subserviente e mimética. Dessa forma, quando o sistema social aproxima-se de uma estrutura de natureza perversa, costuma acontecer que a liderança que compõe o comando da instituição apresenta uma aparência democrática e um bonito discurso demagógico (trata-se de um discurso fetichizado, portanto perverso, que consiste em usar a teoria como um fetiche arrogante e dogmático, visando seduzir e impor aos demais as suas próprias verdades), os quais sutilmente ocultam uma ideologia autocrática, logo, esterilizadora.


Contudo, (...) a existência de alguma instituição, que, por razões inconscientes, resvala para uma natureza perversa, não refere que os indivíduos que compõe a cúpula sejam pessoas perversas; pelo contrário, na maioria das vezes, são sérios, simpáticos, bem-intencionados, tenazes e apaixonados pelo que fazem em favor da instituição que dirigem!!


Penso que estamos enfrentando uma luta justa, dentro do princípio da realidade, onde o diálogo com pessoas sérias precisa ser preservado até que os objetivos propostos possam ser atingidos. Ou seja, que a resolução da grave questão institucional dependerá do discernimento das lideranças e do posicionamento efetivo e eficaz por parte deste Tribunal, visto que o mesmo mantém há décadas um lamentável equívoco administrativo causador da corrosão do sistema social do judiciário paulista.


Maria Celeste Anderson, assistente social aposentada


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