MG: Traçado o perfil dos abrigos para crianças
Segundo reportagem do jornal Tribuna de Minas, diagnóstico inédito sobre a situação dos abrigos em Minas Gerais revela que negligência, maus-tratos, violência doméstica e agressão física são as causas mais comuns de afastamento de crianças e adolescentes de suas famílias.
A pesquisa, realizada pela Fundação João Pinheiro, de Belo Horizonte, a pedido da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), aponta a existência de 352 instituições de acolhimento em 178 cidades mineiras, atendendo a um total de 4.730 pessoas. Conforme a Sedese, a pesquisa vai subsidiar projetos e ações que ajudem a promover o retorno dos assistidos para suas casas ou a agilizar o encaminhamento para famílias substitutivas (adoção).
Os números levantados também serão importantes no redirecionamento de políticas e programas já existentes. Cerca de 224 abrigados residem em Juiz de Fora (MG), o que corresponde a menos de 5% do total de assistidos no Estado. De acordo com o coordenador do Comissariado da Vara da Infância e da Juventude, Maurício Gonçalves, na análise das causas mais freqüentes que levam ao afastamento de meninas e meninos de seus familiares, como medida protetiva, a realidade local é semelhante à apurada no restante do Estado. “Temos percebido que a pobreza é o pano de fundo na maior parte das histórias, mesmo não aparecendo como causa direta”, afirmou. Maurício explica que a falta de recursos está relacionada a uma série de situações sociais. “O pai desempregado, por exemplo, vive um processo forte de estresse e está mais propenso a reagir de forma violenta com a criança ou o adolescente. A pobreza também pode estar associada a situações de abandono, já que nem sempre as famílias estão preparadas para enfrentar a realidade de ver os filhos famintos ou doentes, sem ter como oferecer atendimento adequado”, diz.
No caso de Juiz de Fora, chama a atenção uma tendência cada vez mais comum no Brasil: a substituição do acolhimento na rede de abrigos pelo encaminhamento a famílias provisórias, previamente inscritas em programas desenvolvidos pela Vara da Infância e da Juventude e pelo município. O novo modelo, que começou a ser implantado há cerca de três anos, já é responsável por um terço dos atendimentos prestados no município. Hoje, 76 garotas e garotos são atendidos neste programa, cuja vantagem principal está na manutenção da rotina familiar, com atenção personalizada.