Primeira reunião do Fórum de Debates
Aconteceu no último sábado, dia 28, a primeira reunião do Fórum de Debates Pró Organização Política e Sindical dos Trabalhadores em Atividades Psico Sociais. Com mais de 60 pessoas, contou com a participação de profissionais do Poder Judiciário, da Defensoria Pública, da Fundação Casa, do Sindicato dos Psicólogos, da Psicologia do trânsito, de Ongs, do Sistema Prisional, da Secretaria da Saúde, do Caps, além de estudantes de Serviço Social da Uniban.
O encontro teve início com uma apresentação do Fórum e seus objetivos e análise sobre as condições de trabalho e salário dos assistentes sociais e psicólogos feita pela presidente da AASPTJ-SP, Elisabete Borgianni, e pela primeira tesoureira, Esther Katayama.
Elisabete explicou que a instalação do Fórum foi deliberada pelos associados da AASPTJ-SP em assembleia, realizada em março. Em seguida, relembrou o movimento de greve dos servidores do Judiciário e a resistência dos trabalhadores durante 127 dias por melhores condições salariais e de trabalho. “Neste movimento percebemos que apenas a luta jurídica não dá conta da garantia dos direitos dos trabalhadores, a organização e a luta política são mais do que necessárias”, expôs. Falou também sobre a precarização do trabalho, a falta de pessoal, o arrocho salarial e desvalorização do trabalho dos profissionais o que tem culminado no adoecimento mental. Terminou sua fala com a importância da resistência, dentro do campo democrático, para conduzir a organização e desenvolvimento do Fórum.
Esther retomou aspectos históricos da organização político-sindical durante o século XX e do controle estatal sobre os trabalhadores, especialmente em São Paulo, que há 20 anos encontra-se sob o domínio de um mesmo partido político. “A partir da década de 80, o Estado, para não perder o controle, passou a fomentar a criação de sindicatos, colocando pessoas de sua confiança dentro destas organizações”, disse. “Por isso, a luta individual não resolve o problema, certas questões têm que ser enfrentadas no âmbito político. Durante a greve do Judiciário nos questionávamos como nós, que nos consideramos porta-voz da população não lutávamos pelos nossos próprios direitos”, completou.
Esther também abordou como o psicólogo vem se organizando e as dificuldades deste profissional no engajamento político já que historicamente esteve inserido no mercado de trabalho como profissional liberal. Neste boletim, reproduzimos artigo que baseou a palestra de Esther sobre este tema.
Em seguida ocorreu a palestra “Análise de conjuntura e da organização sindical”, ministrada pelo sociólogo, historiador e professor adjunto da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mauro Iasi.
O professor citou uma pesquisa da Fiocruz que constatou que 30% da força de trabalho brasileira sofrem de transtornos mentais leves e 5% sofrem de transtornos graves.
Iasi retomou alguns aspectos históricos da organização e luta sindical e a reposta encontrada pelo Estado: o atrelamento sindical e como, naquela época, a questão social era tida como uma questão de polícia. Falou sobre o governo Getulio Vargas, que criou o Ministério do Trabalho, uma forma de esvaziar a luta autônoma dos sindicatos e o nascimento do imposto sindical, que é recolhido pelo Estado, que repassa a verba para as centrais sindicais, federações e sindicatos. “Portanto, a organização dos trabalhadores é financiada pelo Estado, é como aquele diz aquele ditado popular: ‘quem paga a banda escolhe a música”, alegou.
Ele citou algumas pesquisas feitas durante este processo que concluem que o trabalhador brasileiro não tem consciência de classe. No entanto, alguns anos depois alguns acontecimento “desmentiram” essas conclusões, como por exemplo, as greves no ABC paulista.
Falou também sobre os dias atuais, desde a abertura democrática pós ditaduta militar e as duas grandes crises – do capital e a desmontagem dos países do Leste Europeu – até a Reforma Sindical, que está sendo discutida no Congresso. “Pelo o que está vindo ai, para os trabalhadores criarem um sindicato terão que enfrentar toda uma burocracia, já para uma central criar um sindicato, basta uma reunião”, expôs.
Após amplo debate sobre os temas abordados durante as palestras, foram votados alguns encaminhamentos. Foi criada uma comissão provisória, composta por representantes dos diversos órgãos para futuros encaminhamentos do Fórum. A próxima reunião deve ocorrer no dia 9 de julho no mesmo local com tema voltado para como está a questão da organização política e sindical dos trabalhadores no Estado de São Paulo e as peculiaridades de cada um dos setores representados no Fórum.