Seminário Trabalho Social com Famílias

Autor: 
Catharina Castro
Fonte : 
Neca

As novas configurações das famílias e as suas diferentes abordagens e metodologias de trabalho social foram o eixo central do Seminário Trabalho Social com Famílias: significado, concepções e metodologias que aconteceu na última sexta-feira, 30 de maio, em São Paulo.

O seminário realizado pela Associação dos Pesquisadores de Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente – NECA reuniu cerca de 350 pesquisadores e profissionais das áreas de saúde, educação e assistência social, que lotaram o teatro do Centro Universitário Anhanguera de São Paulo/ unidade Brigadeiro, em busca dos mais recentes estudos e práticas que tratam dos diferentes arranjos e rearranjos familiares. Cerca de 52 municípios de cinco estados brasileiros se fizeram presentes.

A fim de tratar das complexidades do tema da família em nossa sociedade e das diferentes metodologias de trabalho que vêm sendo desenvolvidas e para encontrar novas respostas para os desafios propostos pela política pública de assistência social, foram convidados profissionais renomados para debater sobre o panorama contemporâneo que envolve o tema.

A cerimônia de abertura fez uma homenagem à professora Myrian Veras Baptista, atual presidente de honra do NECA e coordenadora do Núcleo de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social sobre a Criança e o Adolescente da PUC de São Paulo (NCA), por seu relevante trabalho na defesa dos direitos de crianças e adolescentes e suas inúmeras contribuições às ciências sociais e ao NECA.

Ainda na abertura do evento, a coordenadora técnica do seminário, Dayse Cesar Franco Bernadi, deu as boas vindas aos participantes e falou sobre a importância do NECA para o estudo e as pesquisas sobre a criança e o adolescente e, em especial, sobre o trabalho social com as famílias, assunto do seminário.

Na conferência de abertura, Regina Célia Tamaso Mioto, assistente social, doutora em Saúde Mental e professora da Universidade Católica de Pelotas (UCPEL) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) falou sobre o Trabalho Social com famílias no contexto contemporâneo: dilemas e perspectivas. Mioto nos trouxe o conceito de familismo, tratou a família como rede de relações e não como um domicílio e fez um alerta para onipresença do discurso do direito e para a naturalização da presença do judiciário em nossas vidas.

No primeiro painel sobre Família na contemporaneidade: diferentes perspectivas, a terapeuta de família de orientação sistêmica e mestre em psicologia clínica, Helena Maffei Cruz nos trouxe exemplos de terapia colaborativa e nos convidou a refletir sobre necessidade de um novo perfil de terapeuta. Segundo Cruz, este profissional é alguém que consegue olhar os modelos universais como obsoletos. “É preciso saber ouvir, evitar a utilização de conceitos pré-formulados e não confundir o discurso com a realidade”, afirma Cruz.

No mesmo painel, a pós-doutorada e coordenadora do núcleo de estudos e pesquisas da Família da PUC-SP, Marta Campos, colocou o gestor como peça-chave e reforçou a importância deste agente público para execução das políticas públicas, em especial a de assistência social. “O gestor é o responsável por sustentar o trabalho, prover todas as demandas e cuidar para que se tenha recursos, espaços e respeito”, afirma Campos.     

Este painel encerrou com a fala de Bader Burihan Sawaia, professora titular do programa de estudos pós-graduados em Psicologia Social da PUC-SP. Bader defendeu a incorporação do afeto (tudo aquilo que nos afeta positiva ou negativamente) nas políticas públicas e a distribuição de renda para o fortalecimento da instituição familiar. “Não existe família estruturada se não houver distribuição de renda”, enfatizou Bader.

O segundo painel tratou das metodologias de trabalho com as famílias: diálogos entre experiências. O tema foi introduzido por Léa Lúcia Cecílio Braga, diretora do departamento de proteção social básica, Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que apresentou o plano do governo que prioriza uma política de Estado pautada na assistência social, por meio da Política Nacional de Assistência Social. Em seu discurso, Léa defendeu o trabalho articulado em todas as instâncias e uma maior autonomia da família.

O MDS ofereceu aos participantes um Kit das publicações relacionadas ao tema distribuído aos municípios e entidades representadas no evento.

Em seguida, Maria Lúcia Afonso, mestre em psicologia, abordou os avanços nas instituições de atendimentos às famílias e a mudança nos perfis das crianças e adolescentes atendidos, afirmando que faltam metodologias de trabalho para lidar com as complexidades das famílias. Propôs o uso de materiais pedagógicos específicos e os doou ao NECA que os apresentará no site para acesso de todos os interessados.

No mesmo painel, Mário Volpi, coordenador do Programa de Cidadania dos Adolescentes do Unicef, tratou dos tipos de escuta e destacou a necessidade da escuta acolhedora. Para Volpi, é preciso deslocar o olhar da carência para a potência e desenvolver uma competência para o diálogo. “Ninguém vira infrator da noite para o dia, por isso, é preciso interromper essa trajetória”, justifica Volpi.

Encerrando este segundo painel e a parte da manhã, a relações públicas Priscila Dias Leite, da Fundação Itaú Cultural trouxe o tema: escola e família e mostrou exemplos de como se trabalhar os dois temas conjuntamente.


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