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Texto para reflexão: Tentativa frustrada

Miriam Amaral Naves, assistente social de Americana                   
                                  


Os negócios andavam muito mal para o Sr. José Monteiro.

Desde os dezesseis anos trabalhava para o Coronel Belmiro, homem carrancudo, severo, que chegava a causar um certo medo nos habitantes daquela pequenina cidade de Oblivion.

E o Sr. José, apesar de ter convivido trinta anos ao lado deste super-homem, não é que haveria de fazer exceção.

Talvez, durante todo este período, ele nunca tivesse escutado sequer uma palavra gentil do patrão.

Mas, tudo era tolerável, desde que não faltasse o pão para os oito filhinhos.   O que estava acontecendo ultimamente.

Aquilo era demais, ele tomou uma repentina decisão: Iria pedir um aumento no ordenado.

Levantou-se decidido, deu a última pitada no longo cigarrão de palha e atirou-o longe.

Em largas passadas, galgou a escada da casa grande.    Como autômato, cumprimentou os colegas que o olhavam estupefatos.  

Penetrou na anti-sala e pediu à criada que o anunciasse ao patrão.

Enquanto esperava, resolveu sentar-se.   As pernas pareciam não querer sustentá-lo.   Mas, isso era natural, sempre que tinha de confrontar-se com aquela fera.

Nem bem completou o gesto, ouviu-se um ruído.  De um salto, estava outra vez de pé.  Com o coração disparado, certificou-se de que eram simplesmente as molas da poltrona que rangeram.

Tudo voltou ao silêncio.  Um silêncio de morte, aonde só se ouviam as batidas aceleradas do coração de um homem e a respiração ofegante do mesmo.

Abandonara-o toda a coragem.  Aquele homem decidido morria para dar lugar a um molambo. E foi um verdadeiro trapo, um farrapo humano que desceu as mesmas escadas, com a vergonha e o desânimo estampados no rosto: Não tivera coragem para falar ao patrão.


Observação:


Quando escrevi este texto, transcrito na íntegra de um caderno cujas páginas encontram-se amareladas pelo tempo, eu estava com 15 anos de idade e cursava a 4ª série ginasial, em Boa Esperança, MG.   Na ocasião, já revelava minha vocação genuína para o Serviço Social.   (Vocação vem do latim vocari- chamado.  Segundo Rubem Alves,  CHAMADO DO AMOR).   O teor revela que continuo sensível contra todo tipo de injustiça, além de coerente com meu PROJETO VITAL e o projeto ético-político da profissão, exercida há 16 anos,  dos quais 11 (onze) como Assistente Social  Judiciário. Explica, ainda, as dificuldades que venho enfrentando por acreditar na minha parcela de contribuição para o advento da JUSTIÇA para todos, bem como os motivos para ter aderido à greve do judiciário paulista.


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