I Seminário de Socioeducação
Ocorreu no último sábado (20/09) o I Seminário de Socioeducação, organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e a Família do Estado de São Paulo (SITRAEMFA). O evento aconteceu na Assembleia Legislativa e proporcionou um amplo debate sobre as práticas profissionais e também sobre a falta de capacitação aos servidores da Fundação Casa.
![]() |
Maria Helena Machado/Sitraemfa |
A AASPTJ-SP participou do encontro, representada por sua presidente, Elisabete Borgianni, uma das palestrantes. Ela falou sobre o tema “Trabalho na área sociojuridica: entre o desgaste que leva ao adoecimento e a conquista de direitos”. Pontuando que a área sociojuridica é uma das mais complexas para o exercício do trabalho cotidiano de educadores, assistentes sociais, psicólogos e outros, Elisabete destacou a grande responsabilidade de cada um que atua dentro de um presidio, de uma unidade de internação, em uma Vara de Violência Domestica ou de Família, em uma Defensoria ou no Ministerio Público, pois todos esses órgãos fazem parte de um sistema que ao mesmo tempo em que busca a garantia de direitos é um sistema de responsabilização. “É um sistema no qual a decisão sobre a vida das pessoas está na mão do Estado Juiz.” Apontou a carga de pressão e estresse que vivem os profissionais que atuam em ambientes ansiógenos como uma unidade de internação e as vulnerabilidades físicas e mentais que daí podem advir. Essas vulnerabilidades estão relacionadas tanto com as condições objetivas do local onde se realiza o trabalho (locais mal iluminados, com umidade, sem ventilação etc.) e principalmente com as relações que se estabelecem no trabalho. “Nos espaços sócio ocupacionais da área sociojurídica essas relações tendem a ser perpassadas por autoritarismos, ausência de solidariedade entre os trabalhadores, individualismo, temor de advertências, injustiças etc. o que acaba por provocar muitos casos de adoecimento físico e mental”, pontuou. “O protagonismo dos trabalhadores organizados em seus sindicatos e associações no sentido de mudança dessas relações e de melhora do ambiente de trabalho é fundamental nesse processo” finalizou.
A dirigente do Sitraemfa e do Sindicato dos Psicólogos (SinPsi), Maria Helena Machado também falou sobre a precarização do trabalho da socioeducação. “Há técnicos, psicólogos, assistentes sociais e seguranças atuando na instituição, só que não há diálogo entre as práticas. Não há pensamento de equipe. E isso é para que a gente não se articule como trabalhador”, desabafou.
O evento também contou com a participação do professor-doutor Roberto da Silva, ex-detento da Fundação CASA. Em palestra emocionante, ele relembrou e criticou a violação de direitos civis ao longo de sua infância e adolescência, período em que esteve custodiado pelo estado.
O jornalista, sociólogo e agente educacional da Fundação Casa, Niva Lima, um dos coordenadores do GT Pedagogia, explicou, em palestra, que o GT se articula há anos no enfrentamento das questões da área pedagógica, ressaltando a marca de luta desta categoria. Em seu discurso, Niva avaliou as conquistas do setor pedagógico e faz chamamento para a união de todos os trabalhadores, em palestra propositiva, que propôs a busca de identidade da pedagogia da Fundação Casa.